terça-feira, 6 de julho de 2010

O céu daquele dia

Ao acordar, percebi que haviam pássaros na janela. Estranhei. Deveriam estar ciscando nas calçadas das casas. Ao levantar, senti que a casa estava vazia. Não havia nenhum recado, muito menos sinal de que alguém voltaria. As ruas estavam desertas. Era verão, mas o ventava frio. Percebi, então, que o dia não estava normal.

Caminhei rumo ao trabalho. Em vão, pois ninguém havia ido trabalhar. Sai em silêncio, parei em uma esquina à espera dos carros buzinando. Não tinha trânsito, pessoas, barulho. Os prédios estavam abaixo, estátuas quebradas, as folhas e a poeira pairavam ao vento. Não tinha porque voltar para casa. Resolvi partir e ir ao meu lugar preferido.

Parei em frente ao mar e havia um grande vale. A água desaparecera, os peixes estavam mortos e as gaivotas cabisbaixas em uma árvore seca - antes florida e cheia de vida. Peguei uma fotografia daquele lugar. Não havia mais cor nem brilho. Restou-me então procurar por alguém que pudesse me falar o que havia acontecido. Quem eu encontrava não conseguia me ouvir. Não havia o diálogo, a conversa, o olho no olho.

Corri pelas ruas atordoado, sem saber para onde ir. Observei que pessoas se jogavam das pontes, os palácios eram invadidos por estranhos. Gritos começaram a ecoar pelas ruas da cidade. Resolvi parar e fechar os olhos. Busquei a calma e olhei para o alto. O céu estava azul, com lindas nuvens, intocável. Havia tempo que não olhava para lá.

Escrito originalmente em 08/07/08

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