sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Moscas e borboletas

Moscas vivem no lixo, sobrevoam alimentos e dejetos. Borboletas saboreiam o néctar das flores e habitam em jardins coloridos. Moscas se satisfazem com o resto, perseguem o mau cheiro e convivem com ratos e baratas. Borboletas adoram o odor do campo, recebem a luz do sol e ganham a simpatia das crianças nos parques. Ambas, no entanto, vivem pouco.

Borboletas nascem lagarta. Passam por uma metamorfose, ganham asas, antenas e beleza. Antes de voar, arrastam-se. Já as moscas nascem próximas ao lixo e não conseguem sobreviver em um ambiente totalmente limpo. Para evoluírem, as borboletas precisam esperar e ficam presas a um casulo até que estejam prontas. O desenvolvimento das moscas é ínfimo, aumentam apenas de tamanho. Borboletas e moscas voam, mas não se relacionam no ar.

Os cultivadores odeiam as borboletas, pois as consideram pragas. Dificilmente há alguém que ame as moscas. No máximo pesquisadores ou crianças, que gostam de capturá-las em copos. Borboletas vivem estampadas em pinacotecas, são admiradas por colecionadores e servem como adorno. Moscas causam nojo e transmitem doenças. Borboletas ajudam a espalhar o pólen. Moscas se desfazem de cadáveres. A vida da mosca não tem cor, brilho ou glamour. São reconhecidas somente por aquilo de ruim que representam. Nas prateleiras dos supermercados, vários produtos prometem exterminá-las. Já as borboletas são protegidas, agem com delicadeza e transmitem charme ao voarem.

Moscas e borboletas são pequenas, seguem seu instinto e cumprem exatamente com seu papel na natureza. São diferentes dos homens, que têm capacidade de realizar grandes coisas, mas que se limitam a viver como insetos - percorrendo lixeiras ou vagando em jardins floridos, com medo de encarar a realidade, vencer desafios e viver a vida sem medo ser feliz.

Escrito originalmente em agosto de 2007

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