Quem se lembra do funk "Dança do Quadrado", o "Rebolation" de uns dois anos atrás? Na época em que a música (?) tocava sem parar, escrevi um texto no qual logo de início eu pedia desculpas a Vinícius, Tom e Elis. O funk é uma mistura de aeróbica com a repetição frenética da frase “ado, a-ado, cada um no seu quadrado”. Quando assisti ao clipe do hit (veja abaixo), achei que era mais um dos tigrões e "thuthucas" da vida. Contudo, inspirei-me nos grandes pensadores da história e tirei uma conclusão filosófico-social da dança.
A música fala sobre a individualidade: faça tudo do seu jeito, dentro do seu quadrado, mas sem prejudicar seu vizinho. É possível até ajudá-lo, caso seja necessário. É a mesma lógica das teorias “cada macaco no seu galho” e “se não pode ajudar, não atrapalhe”. Se um não pode colaborar com a coreografia do outro, fica cada um no seu quadrado tentando chegar mais próximo do que a cantora pede. A não ser no momento “Zidane”, em que a pessoa ao lado torna-se sua inimiga.
Nessa hora você é convidado a dar cabeçadas no seu vizinho, como na final da Copa de 2006 em que o jogador francês foi expulso após atingir seu adversário. Depois de alguns empurrões, é hora da reconciliação – “beijinho no inimigo, beijinho no inimigo”. Essa é apenas uma oportunidade da coreografia servir como catarse. Se o colega do lado estiver se desempenhando melhor, tudo indica que alguns hematomas serão deixados como lembrança. É preciso ter autocontrole para não confundir as coisas.
Assim como na dança, é preciso ter fôlego para viver cada um no seu quadrado. Na coreografia, quem sair do seu espaço paga uma prenda. Na vida real, essa atitude pode ter consequências extremas. É preciso se desprender do "eu" para pensar no coletivo. Chega de culpar a sociedade por todos os males. Afinal, somos nós que a fazemos. Tudo o que se vê é apenas um reflexo das nossas atitudes individuais. Quem dera se a dança do quadrado fosse levada a sério.
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