No meio do caminho, ele se depara com uma "blitz". Ao seu lado está uma motociclista com o uniforme da prefeitura da pequena cidade. O policial acena somente para ele, mas ambos estavam sem capacete. O militar pede seus documentos. O rapaz apresenta a documentação da moto, que está devidamente regularizada. Depois, retira da carteira o recibo da autoescola. Sua intenção é mostrar que está providenciando a habilitação. O militar explica que o recibo não tem validade e que as multas podem chegar a R$ 500,00.
Constrangido, o jovem pega o celular e informa à namorada que vai demorar. Concorda com o fato de ter sua moto retirada por alguém habilitado e fica em silêncio. De repente, surge seu irmão mais velho - experiente com esse tipo de abordagem -, que pede ao policial para liberar seu irmão. O militar finge não ouvir. Depois, olha para o seu superior e diz que depende da oferta do inexperiente rapaz, que abre a carteira. O policial disfarça, olha para o lado, coloca o bloco de multas sobre a carteira, pega as duas notas (uma de um, outra de cinquenta reais) e ainda se despede alertando o jovem sobre a importância do capacete.
O sentimento agora é outro. A comoção pela morte de alguns deles já não existe. O jovem, cheio de princípios e ideologias, está se sentido culpado por ter se beneficiado de um profissional corrupto. No telejornal da madrugava, a mesma notícia em relação ao número de policiais mortos. A mãe do rapaz diz que pela manhã sentira vontade de chorar pelas mães dos militares. O rapaz se levanta, deseja boa noite e sussurra: “Por eles choramos, por eles sentimos raiva”.
Escrito originalmente em 26/03/07
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