domingo, 27 de maio de 2012

Assuntos proibidos


Sempre ouvi dizer que gosto não se discute. Além de discordar, considero tal afirmação uma saída de emergência para a falta de argumentos, de coragem para um possível confronto de opiniões ou simplesmente de disponibilidade para o diálogo. Temas como religião e futebol, por exemplo, quando não causavam desconforto ao serem discutidos, eram evitados. Mas a situação mudou – para a sorte de uns e o desespero de outros.

Com cada vez mais pessoas presentes nas redes sociais online, nenhum acontecimento passa despercebido. Tudo é comentado e compartilhado exaustivamente.  É o caso da recente revelação da apresentadora Xuxa sobre os abusos sexuais sofridos por ela na infância. Antes mesmo do depoimento da eterna rainha dos ex-baixinhos ir ao ar, o assunto já era um dos mais comentados no Twitter (na maioria das vezes, em tom de brincadeira).

A polêmica naturalmente continuou ganhando repercussão tanto na Internet quanto nas ruas. Houve quem gostou, desconfiou, ironizou, chorou e se identificou com a declaração de Xuxa. Eu, que nutro uma simpatia por ela, fui um dos que preferiu brincar com a situação. Confesso que não fiquei comovido, embora seja totalmente contra a pedofilia e respeite a decisão da apresentadora em ir à rede nacional revelar seu drama pessoal.

Afinal, qual pecado cometeu quem não levou a revelação a sério? Talvez, o do exagero. Vi algumas pessoas usando até palavrões para expressar seu repúdio à Xuxa. Mas também vi fãs – que pelo visto se esqueceram do “A” de Amor – desconjurando os que ousaram caçoar da protagonista de “Amor Estranho Amor”, que aos 16 anos deu vida a uma personagem que mantinha relações sexuais com um menino de 12.

O filme pra mim é o de menos, pois foi realizado de forma legal e artística. O problema é esse assunto ser proibido para Xuxa. Além de não ter sequer o citado, ela conseguiu proibir sua comercialização no Brasil. É um direito seu. Mas para alguém disposto a falar sobre seu passado, Xuxa não foi transparente o suficiente. O lado positivo dessa história é o significativo aumento de denúncias contra a pedofilia. De negativo, nada. Pelo menos para quem respeita a opinião alheia.

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