Eu sempre fiz muitas coisas ao mesmo tempo. Tantas, que nunca sequer parei para pensar sobre isso. Na infância, tinha amigos por todos os cantos, vários bichos de estimação para cuidar e inúmeros compromissos na escola e na igreja. Sem contar com as minhas tentativas frustradas de aprender Caratê, Natação, Judô, Capoeira, Futebol, Pintura e até Saxofone. Na adolescência, comecei a trabalhar numa rádio comunitária. Além disso, chegaram namoradas, amizades sólidas e outras dezenas de atividades que surpreendentemente cabiam nas 24 horas dos meus dias.
O tempo passou. As responsabilidades aumentaram. E apesar de continuar pautando minhas decisões naquilo que eu realmente acredito, hoje elas são mais pensadas e menos espontâneas. Sentia-me levado pelas circunstâncias, agora me pego tentando conduzir e criar situações. Eu abraçava o mundo, e atualmente estou apenas de mãos dadas a ele. Inicio muitas coisas, mas termino poucas. O que me fez perceber ainda mais isso foi um vídeo publicado no YouTube recentemente.
Nele, o menino Malaki Paul, de 9 anos, participa do programa de TV “Britain's Got Talent” – o mesmo que, em 2009, ajudou a transformar a estranha Susan Boyle em uma personalidade. A apresentação do jovem cantor é interrompida quando, engasgado pelo choro, ele não consegue dar continuidade à música “Listen” (Escute), interpretada pela estrela pop Beyoncé (assista aqui).
A voz rouca e embargada do menino, as lágrimas escorrendo em seus olhos, o abraço e o incentivo de sua mãe e a força com a qual ele retoma a canção me emocionaram. Por isso, tentei enxergar se havia algo a mais por trás de tal sentimento. Descobri que o nome Malaki Paul significa "o protegido, muito ligado à família e emotivo; de estatura baixa". Esse detalhe faz ainda mais diferença quando se presta atenção ao trecho que o garoto conseguiu cantar em sua primeira tentativa:
Escute a canção aqui no meu coração / Uma melodia que eu comecei, mas não terminei / Escute a canção aqui no meu interior / Ela é só começo para a libertação / Oh, a hora chegou de meus sonhos serem ouvidos / Eles não serão deixados de lado e transformados / Em seus próprios, tudo porque você não vai escutar / Escute, estou sozinho numa encruzilhada / Não estou em casa, na minha própria casa / E eu tentei e tentei dizer o que está na minha mente/ Você deveria saber...
Malaki terminou o que se propôs a fazer e comprovou na prática algumas teorias: com paciência e tranquilidade tudo flui melhor; os erros devem resultar em aprendizado; o foco precisa ser na tarefa, não no problema (no caso dele, o nervosismo); humildade é mais atitude e menos discurso; a riqueza está na simplicidade; chorar faz bem; e respirar fundo, melhor ainda.
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